A arte da cerâmica manifesta-se na cultura dos povos desde a mais remota Antigüidade. O estudo das técnicas de fabricação e decoração dos objetos de cerâmica é tido como o "alfabeto" de arqueólogos e historiadores, pois fornece base segura para a reconstrução de muitos aspectos da vida de antigas civilizações.
Como nasceu a cerâmica/ possivelmente as primeiras que povoaram nosso planeta, há milhares de anos, se deram conta de que seus pés deixavam marcas no barro, e que estas ao secar, conservavam sua forma. A argila úmida é macia e maleável. Talvez tenham imaginado que esse material fosse apropriado para fazer objetos. Mas, quando ele seca, fica frágil: quebra e se desgasta com facilidade. Além disso, não comporta líquidos, porque a água desfaz a argila seca.
Para o surgimento da cerâmica e da olaria foi necessária uma nova descoberta: a argila endurece no fogo. É preciso conseguir uma temperatura elevada (cerca de 850ºC ), mas, em compensação, os objetos de argila se tornam resistentes e podem servir para cozinhar e para colocar líquidos.
Muitos objetos de uso comum, como vasilhas, pratos, xícaras e vasos, são feitos por oleiros (oleiro é a pessoa que faz objetos e peças de cerâmica) e ceramistas. O principal material que utilizam é o barro ou argila.
A arte do barro
A cerâmica, ou a arte do barro, é uma manifestação artística que os seres humanos dos pontos mais distantes da Terra aprenderam a dominar há milhares de anos. A arte da cerâmica foi descoberta há 10.000 anos na Ásia Central e na Europa e há 6.000 anos na América do Sul.
As pessoas fizeram objetos e figuras em cerâmica desde os tempos mais antigos. Muitos dos objetos que se modelam têm uma finalidade prática, uma utilidade: servem para guardar sementes e grãos, para transportar água, para cozinhar os alimentos no fogo e para muitas outras tarefas da vida cotidiana.
Mas a capacidade de transformar o barro com as mãos foi também empregada para expressar os gostos e as crenças dos povos nos quais pertenciam os artistas ceramistas. Os ceramistas modelaram figuras que representavam seus deuses, seus semelhantes ou cenas da vida cotidiana.
Por meio das diferentes formas e decorações dos objetos de cerâmica, os vários povos deixaram marcas próprias, que serviam para se reconhecerem entre si e para serem reconhecidos pelos outros.
Deuses Maia
A cerâmica dos índios brasileiros
Muito antes da chegada dos portugueses, os diferentes povos que viveram no Brasil elaboraram peças de cerâmica de diversos estilos. Há mais de 1.500 anos, os povos que habitavam a ilha de Marajó trabalhavam a cerâmica; eram pintadas em preto, branco e vermelho e decoradas com desenhos geométricos. Hoje esse tipo de cerâmica, chamado marajoara, está muito difundido no Brasil e é fabricado em oficinas de artesanato da região amazonense.
São muitos os artesãos brasileiros que mantêm a tradição da cerâmica. No Nordeste, é famosa a produção de Mestre Vitalino: ele e seus seguidores representam, com figuras de argila, cenas e costumes do povo. Também no interior do estado de São Paulo, no vale do Paraíba, elaboram-se cerâmicas muito bonitas pintadas em branco e vermelho; em Minas Gerais, no vale do Jequitinhonha, faz-se uma cerâmica com argila clara.
Retirantes Noiva na garupa
De onde vem a argila
Em muitas zonas da Terra, o solo contém argila, além de outros componentes, como areia, pedras e húmus. Os oleiros ceramistas costumam recorrer a canteiras ( é o local de onde se extraem materiais como pedra, areia e argila.) de argila, que são os lugares onde se pode encontrá-la mais limpa e sem mistura.
A argila pode ser de várias cores: branca, cinza, ocre, vermelha, preta, etc. poucos ceramistas a utilizam pura, porque ela encolhe muito ao secar e se quebra. Por isso, preparam uma pasta cerâmica ( é a mistura de argila pura com outras substância que facilitam a modelagem; torna mais resistente o material ou lhe dá uma textura mais ou menos áspera.) mistura de argila com desengordurante (é o material que serve para tornar a argila pura menos pegajosa quando úmida e menos quebradiça quando seca.) como areia ou chamota (é uma porção de argila já cozida e triturada. Pode ser fina como a areia ou grossa como o cascalho. Quando misturada, serve para dar mais solidez à argila pura.), que favorece a secagem e o cozimento. A pasta cerâmica também é importante por que influi na textura da peça produzida.
Canteira e a preparação da argila
Para que os objetos modelados endureçam. É necessário o cozimento. As primeiras vasilhas feitas pelos seres humanos eram cozidas em fogueiras ou em buracos cavados no solo, nos quais se queimavam troncos e galhos, mas a forma de cozer a cerâmica evoluiu e hoje se utilizam fornos elétricos e a gás. Nas aldeias indígenas ainda se queima a cerâmica com troncos e galhos, e em pequenas oficinas artesanais.
Longe das cidades, ainda se utilizam fornos a lenha, cuja estrutura se assemelha aos da Antiguidade.
Forno
A modelagem da cerâmica
Quando os ceramistas modelam a argila para fazer suas vasilhas ou objetos, geralmente não procedem como escultores. A principal diferença é que para o ceramista a argila é a própria obra, enquanto para o escultor ela pode servir apenas para dar formas; ao final do processo, a escultura poderá ser feita de outro material, como bronze, cimento, gesso, etc.
Modelando a argila
O ceramista deve pensar na forma que vai dar à sua obra e também em como fazer para que ela suporte o cozimento no forno.
A modelagem da cerâmica deve ter certas características; quando falta alguma delas, corre-se o risco de que a peça se quebre ao cozer:
· A argila ou pasta cerâmica não pode estar manchada.
· Para que a peça possa cozer, deve ser oca, pois sendo maciça é muito difícil que o cozimento sela homogêneo.
· A superfície da argila não pode conter bolhas de ar.
· A obra deve estar totalmente seca ao ser introduzida no forno.
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