Os balanços e estudos disponíveis sobre arte contemporânea tendem a fixar-se na década de 1960, sobretudo com o advento da arte pop e do minimalismo, um rompimento em relação à pauta moderna, o que é lido por alguns como o início do pós-modernismo.
Impossível pensar a arte a partir de então em categorias como "pintura" ou "escultura".
Borofsky
A cena contemporânea - que se esboça num mercado internacionalizado das novas mídias e tecnologias e de variados atores sociais que aliam política e subjetividade (negros, mulheres, homossexuais etc.) - explode os enquadramentos sociais e artísticos do modernismo, abrindo-se a experiências culturais díspares.
As novas orientações artísticas, apesar de distintas, partilham um espírito comum: são, cada qual a seu modo, tentativas de dirigir a arte às coisas do mundo, à natureza, à realidade urbana e ao mundo da tecnologia.
Ramos - "Visão de Velasquez"
As obras articulam diferentes linguagens - dança, música, pintura, teatro, escultura, literatura etc. –, desafiando as classificações habituais, colocando em questão o caráter das representações artísticas e a própria definição de arte. Interpelam criticamente também o mercado e o sistema de validação da arte.
Cindy Sherman
O corpo sugerido em diversas obras de E. Hesse - Hang Up (1965/1966) - toma o primeiro plano no interior da chamada body art. É o próprio corpo do artista o meio de expressão em trabalhos associados freqüentemente a happenings e performances.
Joseph Beuys - performance "como explicar desenhos a uma lebre morta"
A percepção do observador, pensada como experiência ou atividade que ajuda a produzir a realidade descoberta, é largamente explorada pelas instalações. Outro desdobramento direto do minimalismo é a arte conceitual, que, como indica o rótulo, coloca o foco sobre a concepção - ou conceito - do trabalho.
Christo
É importante lembrar que o uso de novas tecnologias - vídeo, televisão, computador etc. - atravessa parte substantiva da produção contemporânea, trazendo novos elementos para o debate sobre o fazer artístico.
A partir de meados das décadas de 60 e 70, notou-se que a arte produzida naquele período já não mais correspondia à Arte Moderna do início do século XX. A arte contemporânea entra em cena a partir dos anos 70, quando as importantes mudanças no mundo e na nossa relação de tempo e espaço transformam globalmente os seres humanos.
Lucien Freud
Entre os movimentos mais célebres estão a Pop Art, o Expressionismo Abstrato, a Arte conceitual, a Arte Povera, o Minimalismo, a Body Art, o Fotorrealismo, a Internet Art e a Street Art, a arte das ruas, baseada na cultura do grafiti e inspirada faccionalmente na geração hip-hop, tida muitas vezes como vandalismo.
Smithson - land art
Quando se fala em arte contemporânea não é para designar tudo o que é produzido no momento, e sim aquilo que nos propõe um pensamento sobre a própria arte ou uma análise crítica da prática visual. Como dispositivo de pensamento, a arte interroga e atribui novos significados ao se apropriar de imagens, não só as que fazem parte da historia da arte, mas também as que habitam o cotidiano. O belo contemporâneo não busca mais o novo, nem o espanto, como as vanguardas da primeira metade deste século: propõe o estranhamento ou o questionamento da linguagem e sua leitura.
As novas tecnologias para a arte contemporânea não significam o fim, mas um meio à disposição da liberdade do artista, que se somam às técnicas e aos suportes tradicionais, para questionar o próprio visível, alterar a percepção, propor um enigma e não mais uma visão pronta do mundo.
Nassau de Souza - Videoarte "A cela"
O trabalho do artista passa a exigir também do espectador uma determinada atenção, um olhar que pensa. Um vídeo, uma performance ou uma instalação não é mais contemporâneo do que uma litogravura ou uma pintura. A atualidade da arte é colocada em outra perspectiva.
Kosuth
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_contempor%C3%A2nea
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sexta-feira, 23 de outubro de 2009
A arte conceitual define-se como o movimento artístico que defende a superioridade das idéias veiculadas pela obra de arte, deixando os meios usados para criar em lugar secundário.
Christo - castelo empacotado
O artista Sol LeWitt definiu-a como:
"Na arte conceitual, a ideia ou conceito é o aspecto mais importante da obra. Quando um artista usa uma forma conceitual de arte, significa que todo o planejamento e decisões são tomadas antecipadamente, sendo a execução um assunto secundário. A ideia torna-se a máquina que origina a arte."
Esta perspectiva artística teve os seus inícios em meados da década de 1960, contudo, já a obra do artista francês Marcel Duchamp, nas décadas de 1910 e 1920 tinha prenunciado o movimento conceitualista, ao propor vários exemplos de trabalhos que se tornariam o protótipo das obras conceituais, como os readymades, ao desafiar qualquer tipo de categorização, colocando-se mesmo a questão de não serem objetos artísticos.
Smithson
A arte conceitual recorre frequentemente ao uso de fotografias, mapas e textos escritos (como definições de dicionário). Em alguns casos, como no de Sol Lewitt, Yoko Ono (grupo Fluxus) e Lawrence Weiner, reduz-se a um conjunto de instruções escritas que descrevem a obra, sem que esta se realize de fato, dando ênfase à ideia no lugar do artefato. Alguns artistas tentam, também, desta forma, mostrar a sua recusa em produzir objetos de luxo - função geralmente ligada à ideia tradicional de arte - como os que podemos ver em museus.
Sua ênfase durou até os anos 80, porém é muito praticada até hoje.
Borofsky
Apesar das diferenças pode-se dizer que a arte conceitual é uma tentativa de revisão da noção de obra de arte arraigada na cultura ocidental. A arte deixa de ser primordialmente visual, feita para ser olhada, e passa a ser considerada como idéia e pensamento. Muitos trabalhos que usam a fotografia, xerox, filmes ou vídeo como documento de ações e processos, geralmente em recusa à noção tradicional de objeto de arte, são designados como arte conceitual. Além da crítica ao formalismo, artistas conceituais atacam ferozmente as instituições, o sistema de seleção de obras e o mercado de arte.
Borofsky
George Maciunas (1931 - 1978), um dos fundadores do Fluxus, redige em 1963 um manifesto em que diz: "Livrem o mundo da doença burguesa, da cultura 'intelectual', profissional e comercializada. Livrem o mundo da arte morta, da imitação, da arte artificial, da arte abstrata. Promovam uma arte viva, uma antiarte, uma realidade não artística, para ser compreendida por todos [...]". A contundente crítica ao materialismo da sociedade de consumo, elemento constitutivo das performances e ações do artista alemão Joseph Beuys (1912 - 1986), pode ser compreendida como arte conceitual.
Joseph Beuys
A década de 70 se caracteriza pela expansão da arte conceitual, isto é, da arte como idéia, através de meios anartísticos, operando com o corpo em performances, com novos meios tecnológicos, Multimeios e uma outra modalidade espacial e fragmentada de trabalho - Instalação. Há a aplicação de novas tecnologias que se associam à operação conceitual do artista, como arte e computador. Ocorre nessa época a revitalização do pensamento de Marcel Duchamp condenando a pintura, que para ele se situava muito aquém das possibilidades criativas do ser humano. HAPPENING, Intervenção, instalação, eat art, perfomance.
Beuys
É interessante notar que na Arte Conceitual o público é obrigado a deixar de ser apenas um observador passivo pois o entendimento da obra de arte não é mais direto. O público também é obrigado a refletir e sair da confortável situação de saber, por antecipação, avaliar se uma obra de arte é “ruim” ou “boa”.
Smithson
Não é mais Possível ir a uma exposição e dizer “essa paisagem está bem composta, a pintura é de qualidade”.
Questões clássicas das artes plásticas como a composição, estudo de cor e a uso da luz podem não ter sentido nenhum na arte conceitual.
Christo
FONTES:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_conceptual
https://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo5/instalacao.html
https://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo5/multimeios.html
https://www.artepratica.com/especiais/page64/page64.html
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domingo, 4 de outubro de 2009
Movimento das artes visuais e da música que representa o ápice das tendências reducionistas na arte moderna, o minimalismo surgiu em Nova York no fim da década de 1960. Caracteriza-se pela extrema simplicidade de formas.
Surgido como reação à emotividade e ao Expressionismo Abstrato que dominou a produção artística da arte nos anos 50 do século XX, o Minimalismo apresenta a tendência para uma arte despojada e simples, objetiva e anônima.
Sol LeWitt
Os minimalistas consideravam a action painting, de traço intuitivo e espontâneo, muito personalista e sem substância. Defendiam que a obra de arte não deveria referir-se a outra coisa a não ser a si própria e, em seus trabalhos, evitaram associações extra-visuais.
Donald Judd
Se o expressionismo abstrato dominava as décadas de 1940 e 1950, o minimalismo era fenômeno dos anos 60. Conceito amplo, o minimalismo alude ou à redução da variedade visual numa imagem, ou ao nível de esforço artístico necessário para produzir tal redução.
A conseqüência é uma forma de arte mais pura e livre de mistura que quaisquer outras, despojada de referências não-essenciais e incontaminada pela subjetividade.
Joseph Kosuth
Recorrendo a poucos elementos plásticos e compositivos reduzidos a geometrias básicas, procura a essência expressiva das formas, do espaço, da cor e dos materiais enquanto elementos fundadores da obra de arte. "menos é mais".
O artista minimalista mais representativo foi o pintor Frank Stella, conhecido pelas suas pinturas austeras, constituídas por linhas e riscas de cor, paralelas, e pelas formas variadas e irregulares, embora geralmente simétricas, dos quadros.
Frank Stella
Embora tenha começado na pintura, a Arte Minimalista conheceu o seu maior desenvolvimento na escultura. Os escultores usam normalmente processos e materiais industriais, como aço, plástico ou lâmpadas fluorescentes, na produção de formas geométricas, explorando as relações espaciais e a capacidade de a escultura interagir com o espaço envolvente, apostando na experiência corporal do próprio espectador.
Donald Judd
Destacam-se as obras de Donald Judd, com as suas caixas uniformes em madeira, metal ou acrílico, pintadas com cores fortes, de Dan Flavin, com esculturas produzidas com tubos de luz fluorescente, de Sol LeWitt, com as construções em cubos e pinturas geométricas e de outros artistas como Robert Morris, Carl André, Richard Serra e Yves Klein.
Fontes:
https://www.portalartes.com.br/portal/historia_minimalismo.asp
https://www.portalartes.com.br/portal/historia_minimalismo.asp
https://www.pitoresco.com.br/art_data/mnimalismo.htm
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sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Movimento principalmente americano e britânico, sua denominação foi empregada pela primeira vez em 1954, pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para designar os produtos da cultura popular da civilização ocidental, sobretudo os que eram provenientes dos Estados Unidos.
Lichtenstein
Com raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, o pop art começou a tomar forma no final da década de 1950, quando alguns artistas, após estudar os símbolos e produtos do mundo da propaganda nos Estados Unidos, passaram a transformá-los em tema de suas obras.
Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa influência na vida cotidiana na segunda metade do século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposição ao expressionismo abstrato que dominava a cena estética desde o final da segunda guerra. Sua iconografia era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da publicidade.
Andy Warhol
Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade pelos objetos de consumo, ela operava com signos estéticos massificados da publicidade, quadrinhos, ilustrações e design, usando como materiais principais, tinta acrílica, ilustrações e designs, usando como materiais principais, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande, transformando o real em hiper-real.
Andy Warhol - John Lennon
Mas ao mesmo tempo que produzia a crítica, a Pop Art se apoiava e necessitava dos objetos de consumo, nos quais se inspirava e muitas vezes o próprio aumento do consumo, como aconteceu por exemplo, com as Sopas Campbell, de Andy Warhol, um dos principais artistas da Pop Art.
Andy Warhol
Além disso, muito do que era considerado brega, virou moda, e já que tanto o gosto, como a arte tem um determinado valor e significado conforme o contexto histórico em que se realiza, a Pop Art proporcionou a transformação do que era considerado vulgar, em refinado, e aproximou a arte das massas, desmitificando, já que se utilizava de objetos próprios delas, a arte para poucos.
Principais Artistas:
Roy Lichtenstein (1923-1997)
Seu interesse pelas histórias em quadrinhos como tema artístico começou provavelmente com uma pintura do camundongo Mickey, que realizou em 1960 para os filhos. Em seus quadros a óleo e tinta acrílica, ampliou as características das histórias em quadrinhos e dos anúncios comerciais, e reproduziu a mão, com fidelidade, os procedimentos gráficos.
Empregou, por exemplo, uma técnica pontilhista para simular os pontos reticulados das historietas. Cores brilhantes, planas e limitadas, delineadas por um traço negro, contribuíam para o intenso impacto visual.
Com essas obras, o artista pretendia oferecer uma reflexão sobre a linguagem e as formas artísticas. Seus quadros, desvinculados do contexto de uma história, aparecem como imagens frias, intelectuais, símbolos ambíguos do mundo moderno. O resultado é a combinação de arte comercial e abstração.
Andy Warhol (1927-1987).
Ele foi a figura mais conhecida e mais controvertida do pop art. Warhol mostrou sua concepção da produção mecânica da imagem em substituição ao trabalho manual numa série de retratos de ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley e Marilyn Monroe. Warhol entendia as personalidades públicas como figuras impessoais e vazias, apesar da ascensão social e da celebridade.
Da mesma forma, e usando sobretudo a técnica de serigrafia, destacou a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como garrafas de Coca-Cola, as latas de sopa Campbell, automóveis, crucifixos e dinheiro.
Produziu filmes e discos de um grupo musical, incentivou o trabalho de outros artistas, como o Basquiat, e uma revista mensa.
Cena do filme "Basquiat" - o primeiro ator interpreta Basquiat, e o segundo, representando Andy Warhol, é representado por nada mais e nada menos que David Bowie.
Fonte: www.historiadaarte.com.br
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sábado, 22 de agosto de 2009
O Expressionismo Abstrato foi um movimento que floresceu em Nova York a partir de 1940 e acabou exercendo forte influência sobre a Europa nas décadas de 50 e 60 desse século.
Franz Kline
Foi o primeiro movimento que seguiu o caminho inverso do tradicional: em vez de seguir da Europa para a América, foi da América para a Europa.
Entretanto, esse termo já era utilizado para alguns trabalhos de Kandinsky, em especial os do começo de sua carreira. Anunciava o surgimento de uma arte "verdadeiramente norte-americana", com forte domínio do subconsciente.
De Kooning
Guiados pelo automatismo
O automatismo, conceito forte em movimentos como o Surrealismo, aqui também encontra-se presente, principalmente na forma das Action Paintings, e tinha, entre seu principal expoente, Jackson Pollock.
AUTOMATISMO s.m. Caráter do que é automático. / Falta de vontade própria. / Diz-se de uma atividade literária, em que o autor se deixa levar exclusivamente pelo subconsciente.
Franz Kline
As principais características do Expressionismo Abstrato eram a revolta contra a pintura tradicional, a liberdade e a espontaneidade.
Quanto à espontaneidade, em especial, as Action Paintings de Pollock - outro nome pelo qual é conhecido o Expressionismo Abstrato, ou seja, um método de pintura que privilegiava a rapidez da execução, a espontaneidade "eruptiva" e condenava a premeditação - são bastante bem sucedidas.
Pollock
O Expressionismo abstrato vem do Surrealismo, porém Pollock, o principal precursor do movimento, descarta as imagens fantásticas do grupo europeu, priorizando as abstrações.
Um dos aspectos mais curiosos ligados à sua personalidade era a maneira como realizava suas obras: estendia a tela no chão, utilizando-se de varas, facas, colheres de pedreiros, gotejamento de líquidos e até areia, com a finalidade de tornar-se parte integrante de sua obra e fazer com que "a vida" da pintura "viesse à tona" (daí o conceito de Action Painting).
O termo expressionismo abstrato, entretanto, acabou ainda sendo aplicado à obra de artistas como Willem de Kooning (nascido na Holanda) e Mark Rothko (nascido na Rússia).
De Kooning
Pollock molhava os pincéis com tinta e não impunha contato direto entre a tela e o pincel, apenas deixava a tinta pingar e deslizar pela tela, criando um resultado um tanto inovador. Foi considerado como farsa por muitos, mas teve seu grande momento na crítica de arte e a aprovação de bons pintores que eram seus contemporâneos.
De temperamento difícil, misantropo, semi-exilado e alcoólatra, Pollock teve muito mais baixos que altos e morreu num acidente de carro aos 44 anos. Estava com sua namorada, bem mais nova e groupie de pintores, Ruth Kligman. Ela sobreviveu.
Pollock foi encarnado no cinema por Ed Harris, que além de protagonizar o filme a seu respeito, também produziu e dirigiu. Veja o trailer do filme: aparece o artista De Kooning, encarnado por Val Kilmer:
Pointdaarte